COMO APRENDER E FAZER TROVAS
UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES
Comissão de Estudos sobre Metrificação
Presidente e Relator: Luiz Otávio
INTRODUÇÃO
Este trabalho é um resumo de um Ensaio e de um Relatório, ambos sobre Metrificação, de autoria de Luiz Otávio.
O INSTRUMENTO
Ao estudarmos a Arte de trovar ou a composição da Trova, devemos analisá-la em duas partes: o Corpo e a Alma, ou a Forma e o Fundo. Na parte correspondente à Forma teríamos o Ritmo - resultante do metrificação e das tônicas; a Melodia - conseguida pelas rimas e pelo emprego harmonioso das vogais e consoantes; e a expressão gramatical e poética , Na parte correspondente ao Fundo, teríamos: a Mensagem poética, a originalidade (e o "achado"), a comunicabilidade, a simplicidade, a harmonia interna, etc. A UBT iniciou os seus estudos por uma das partes da Forma ligada ao Ritmo, ou seja especificamente - pela metrificação.
Não se pretende ensinar a ninguém a ser trovador, como não se pode fazer um pintor, um músico, um escultor. Todos as Artes têm, no entanto, sua aprendizagem técnica. Além destes conhecimentos é necessário o dom. Se não podemos transmitir este dom, poderemos ensinar a porte formal ou técnica de cada Arte. Na Música, Pintura, etc., esta aprendizagem é feita rotineiramente. Na Arte de versejar há uma resistência em fazê-la e mesmo uma tendência para menosprezá-la. E às vezes, esta deficiência aparece camuflada com o pomposo lema de "Liberdade poética". Mas não se pode torcer os fatos. Se o músico aprende a tocar o seu instrumento, o poeta também possui um instrumento de comunicação e deve aprendê-lo. E o idioma e o verso são os instrumentos do poeta.
RAZÕES PARA ESTE ESTUDO
Temos recebido, através dos anos, muitas consultas verbais e epistolares, de trovadores que desejam saber como deveriam contar as sílabas dos seus versos. Por outro lado, tomando parte em muitas Comissões Julgadoras de Concursos de Trovas, observamos inúmeras discussões, com perda de tempo de exaltação de ânimos, devido às diferentes interpretações dos regras de metrificação. Há, também, em alguns livros especializados, deficiências de explicações e até mesmo alguma obscuridade. Achamos pois, que deveríamos fazer estes estudos, buscando um "denominador comum" ou uniformização de normas do UBT em seus Concursos de Trovas. Seria uma sistematizacão útil para concorrentes e juizes, extensiva a outros gêneros e a outras Associações. Além da utilidade para iniciantes, concorrentes e juízes, estes estudos poderão dar um grande prestígio literário à UBT, pelo seu pioneirismo e pela sua profundidade.
DÚVIDAS E DESCONFIANÇAS
Várias dúvidas e desconfianças poderão surgir no espírito daqueles que não estiverem bem entrosados com as nossas pesquisas ou desconhecerem as finalidades de nossos estudos.
Que não se julgue, por exemplo, que a UBT está exorbitando de suas funções ao fazer um estudo destes. Nenhuma Associação do País, nestes 15 anos tem organizado tantos Concursos de Trovas. Calculamos que nossas Seções e Delegacias receberam de seiscentas a novecentas mil trovas. Assim pois, mais do que ninguém, sentimos o problema e a necessidade de resolvê-los.
Além de dúvidas sobre métrica, havia dúvidas sobre certas designações. Vamos também tentar desfazê-las. Não há, como pode parecer, a qualquer crítico mais apressado, um culto exagerado da Forma, em detrimento do Fundo. Começamos o estudo pela metrificação porque era o ponto que oferecia mais dúvidas e discussões. E também, porque a metrificação é algo de objetivo que poderemos regulamentar e chegar a um acordo. Ao passo que o Fundo (a mensagem) é algo imponderável, subjetivo. Uma dúvida que a muitos desanima e inquieta é que seja impossível encontrar um "denominador comum" porque os casos de divergências são inúmeros e complexos. Isto é apenas uma impressão inicial. Quando nos aprofundamos nestes estudos vemos que o assunto não é tão complexo e que podemos catalogar os inúmeros casos em poucos grupos e subgrupos. Foi o que fizemos.
Há desconfianças ingênuas que até nem mereciam comentários. Mas que fique bem claro que não pretendemos fabricar trovadores. No entanto, poderemos ajudar os iniciantes e talvez mesmo a outros trovadores, a aperfeiçoar a sua parte técnica.
Não pretendemos, também, mudar a maneira de fazer a trova, nem tirar a sua espontaneidade, nem tolher a liberdade poética de ninguém. Pelo contrário, defendemos a simplicidade da trova e o seu não "aparnasiamento" ou "academização". Não é por desejarmos melhor aprendizagem do forma da trova, ou o encontro de um "denominador comum" na metrificação que estaremos tirando a sua espontaneidade. Outras causas que combatemos outros exageros que observamos, estes, sim, "academizam" a trova, como "enjaibements" em excesso; abusos de ordens indiretas; o culto demasiado de rimas ricas ou raras; a exigência de tônicas em sílabas predeterminadas; a proibição de rimas homófonas (nos 4 versos) e de rimas oxítonas entre o 1* e 3* versos, etc.
DIFICULDADES
Encontramos algumas dificuldades para realizar nossas tarefas. Mas foram superadas. Ora, aquela tendência para menosprezar a Forma; ora, a luta contra as convicções enraizados baseadas em convenções nem sempre lógicas; ora o pessimismo ou derrotismo de alguns que achavam ser a tarefa difícil demais ser terminada; ora, velhos tabus aceitos e repetidos sem uma análise mais profunda, e, finalmente, a má vontade de alguns poucos, que além de jamais cooperarem, vivem sempre a criticar negativamente. Mas o saldo positivo foi bem maior. Além da útil cooperação de muitos Seções, Delegados e Sócios da U.B.T., tivemos também ajuda de alguns que não pertencem à nossa Entidade. A estes os nossos profundos agradecimentos. Aos outros respondemos com o nosso trabalho sério, amplo, profundo e democrático.
O ENSAIO E O RELATÓRIO, DE LUIZ OTÁVIO
Seis meses antes de receber as respostas dos Consultores e Pesquisadores, da Comissão de Estudos da U.B.T., Luiz Otávio escreveu um Ensaio sobre Metrificação com 21 páginas datilografadas, tamanho ofício, que finalizava com um "Decálogo de Metrificação", (Julho-Agosto de 1973). Cópias deste Ensaio foram entregues aos trovadores Carlos Guimarães - Presidente da U.B.T. Nacional, à Carolina Ramos - Presidente da U.B.T. do Estado de São Paulo e de Santos, e a Joubert de Araujo Silva - Vice-Presidente da U.B.T. da GB. Ao ser solicitado por Carlos Guimaraes para acumular a função de Presidente da Comissão de Estudos com a de Relator, Luiz Otávio aquiesceu. Recebeu então de Carlos Guimarães, em janeiro de 1974, as respostas de 43 consultores e de 10 pesquisadores que leram e anotaram 21 livros de Poesias . Elaborou o Relator, 22 grandes mapas, em dois lados e analisou e escreveu o relatório de 43 páginas. Teve o relator a honra e a satisfação de ver que seu Decálogo de Metrificação tinha sido confirmado, após tantos estudos, pesquisas e respostas de inúmeros trovadores de várias cidades do Brasil. Houve pequenos ajustes visando a dar maior segurança e clareza ao Decálogo.
A COMISSÃO DE ESTUDOS, ESTRUTURA, AGRADECIMENTOS
Agradecemos a cooperação da:
· Comissão Central: Luiz Otávio (Presidente Relator), Carlos Guimarães, Joubert de Araujo Silva, Carolina Ramos, Idália Krau, P. de Petrus e Noel Bergaminí.
· Consultores: Seções da U.B.T. de Belo Horizonte, Campos, Corumbá, Curitiba. Fortaleza, Guanabara, Magé, Niterói, Petrópolis, Sete Lagoas, Ateneu Literário e Artístico – IDEALEDA-ANGOLA.
· Trovadores e Poetas:
· Walter Siqueira Campos; Gabriel Vandoni de Barros, Lécio Gomes de Sousa, Osório Gomes de Barros, Magali de Souza Baruki, Walmir Coelho - de Corumbá;
· Cesar Coelho, Hidelbardo Sisnando, Vasques Filho - de Fortaleza;
· José Machado Borges, Vicente Viotti, Lúcio Flávio de Miranda – de Belo Horizonte;
· Walter Siqueira Campos; Gabriel Vandoni de Barros, Lécio Gomes de Sousa, Osório Gomes de Barros, Magali de Souza Baruki, Walmir Coelho - de Corumbá; Vera Vargas - de Curitiba;
· Cesar Coelho, Hidelbardo Sisnando, Vasques Filho - de Fortaleza;
· P. de Petrus. Iraci do Nascimento e Silva, Guimarães Barreto, Noel Bergamini, Carlos Guimarães - do Rio de Janeiro;
· Adolfo Macedo - de Magé; Milton Nunes Loureiro, Sávio Soares de Souza, Maria de Lourdes do Vale Araujo de Barros; Maria do Conceição Pires de Melo (Manita), Raul de Oliveira Rodrigues - de Niterói,
· Carolina Azevedo de Castro, Hélio Chaves, Farid Félix - de Petrópolis;
· Judith Coelho Maciel - de Sete Lagoas;
· Carolina Ramos, David Araújo, Luiz Otávio – de Santos;
· Dimas Lopes de Almeida - de Portugal;
· Helvécio Barros – de Bauru;
· Jacy Pacheco - de Niterói;
· Lilinha Fernandes; Maria Idalina Jacobina, Murilo Araújo, Vasco do Castro Lima - do Rio,
· Rodolpho Abbud - de Nova Friburgo.
Pesquisadores:
Ivo dos Santos Castro, ldália Krau, Lúcia Lobo Fadigas, Micaldas Corrêa, Maria Idalina Jacobina, P. de Petrus, Noel Bergamini, do Rio de Janeiro;
Carolina Ramos, Luiz Otávio e Maria Campos da Silva - de Santos.
Poetas Pesquisados: Gonçalves Dias, Fagundes Varela, Olavo Bilac, Vicente de Carvalho, Filinto de Almeida, Hermes Fontes, Raul de Leoni, Murilo Araújo, Martins Fontes, Vicentina de Carvalho, Alphonsus de Guimarães, Menoti del Picchia, Manuel Bandeira, Colombina, Florbela Espanca, Eugênio de Castro, J. G. de Araújo Jorge, Paulo Bonfim, Antologia de Osório Duque Estrada.
BIBLIOGRAFIA
Além dos livros de Poesia citados no ítem anterior, foram consultados outros sobre Arte Poética, como os de Antonio Freire de Carvalho, Costa Lima. Osório Duque Estrada, Olavo Bilac e Guimarães Passos, Murilo Araújo, Geir Campos e os Ensaios inéditos de Luiz Otávio e Micaldas Correa, Foram consultada, também, as Gramáticas de Rocha Lima (1a. edição) e de Domingos Paschoal Cegalla (12a. edição).
NOÇÕES SOBRE O VERSO E PONTOS GRAMATICAIS
Neste pequeno resumo não podemos recordar as noções sobre versos e pontos gramaticais a ele relacionados. Sugerimos que as noções básicas do verso, tais como: sílabas métricas, ditongos, hiatos, processos de diminuição de sílabas métricas (crase, elisão, sinalefa, sinêreses, síncopes, apócopes, elípses, etc.) sejam recordadas e consultados os livros especializados, como os citados na Bibliografia.
Para melhor compreensão do Decálogo de Metrificação, ele vem seguido de um Glossário, por Ordem Alfabética.
DECÁLOGO DE METRIFICAÇÃO
1) - As sílabas são contadas até a última tônica do verso.
2) - As pontuações não impedem as junções de sílabas.
3) - Não se deve fazer o aumento de uma sílaba métrica nos encontros consonantais disjuntos, (ou seja: não usar "suarabacti").
4) - Uma vogal fraca faz junção com a vogal fraca ou forte inicial da palavra seguinte.
§ único - Aceitam-se exceções a esta regra no sentido de evitar a formação de sons duros e desagradáveis.
Exemplo: "cuja ventura/única consiste".
5) - Uma vogal forte, pode ou não, fazer junção com vogal fraca da palavra seguinte, no entanto jamais deve fazê-la com vogal forte.
§ único - Nos casos em que se prefira a junção "forte + fraca", deve-se ter sempre o cuidado de evitar sons desagradáveis ("mais que tu/ardo") ou formar novas palavras ("via ao invés de "vi a...").
6) - Pode haver a junção de três vogais numa sílaba métrica.
§ 1º - Não deve haver mais de uma vogal forte.
§ 2º - No caso em que a vogal forte não esteja colocada entre as vogais fracas e sim em 1* e 3* lugar, para que seja correta a junção, as duas vogais fracas devem juntar-se por crase ou por elisão, e não por sinalefa (ditongação). Assim, estará certo: "é a ambição que nos prende e nos maltrata", e não se pode unir as três vogais de "e a / íntima palavra derradeira".
§ 3º - Deve ser usada com cuidado a junção de mais de três vogais, embora haja casos corretos de quatro e até de cinco vogais.
7) - Os ditongos aceitam as prejunções com vogais fracas ("E eu"). As posjunções são aceitas somente nos ditongos crescentes LP (encontros instáveis) ("a distância infinita") e são repelidas nos ditongos decrescentes. ("Eu sou/a que no mundo anda perdida").
§ único - Há casos de uso facultativo de presunção de vogais forte aos ditongos, quando essas vogais são as mesmas dos iniciais dos ditongos e não forem as tônicas das palavras. (Aceita-se: "Será auspiciosa" e será inaceitável: "Terá/auto nos pontos".
8) - Nos encontros vocálicos ascendentes (formados por vogais os semivogais átonas seguidas de vogais ou semi-vogais tônicas), a sinerese é de uso facultativo. ("ci-ú- me" ou "ciú-me", etc.).
§ único - Há neste grupo, excepcionalmente, encontros vocálicos que não aceitam a sinérese. Geralmente, são formados pela vogal "a" seguida das vogais "a", ou "e" ou "o" (como em: Sa/ara, a/éreo, a/orta, etc.) ou, alguns casos, do mesma vogal "a" seguida das semi-vogais "i" ou "u" tônicas, como em: "Para/íso, "ba/ú", etc.
9) - Nos encontros vocálicos descendentes (formados por vogais ou semivogais tônicas seguidas de vogais ou semi-vogais átonas) não se aceita a sinérese ("tua", "lua", "frio", "rio" etc., sim, "tu/a", "su/a","fri/o", "ri/o", etc.
§ único - Em algumas regiões do Brasil é usada a sinérese nestes encontros vocálicos, com base na fonética local. No entanto, não será aceita na Metrificação, em benefício da uniformidade, uma vez que na maioria dos Estados é feita a separação dessas vogais.
10) - 0 uso da aférese ("inda", etc), síncope ("pra", etc), apócopes ("mui", e de ectilípse ("com a", "o", "as", 'os") é facultativo.
§ 1º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais átonas é correta, mas pouco usada e é facultativa. Acompanhando a maioria dos poetas, sempre que possível, deve ser evitada. ("com amor") etc.
§ 2º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais tônicas não será aceita. ("com esta" etc.).
§ 3º - A junção de fonemas anasalados "am", "im", etc., com vogais átonas ou tônicas não será aceita. ("formaram" / idéias", "cantaram / hinos" etc.).
§ 4º - E preciso cuidado com o uso de aféreses, síncopes e apócopes que, por estarem em desuso ou por formarem, geralmente, sons desagradáveis, irão ferir a sensibilidade e os ouvidos dos leitores e dos ouvintes.
GLOSSÁRIO - Por ordem alfabética, para melhor compreensão do Decálogo de Metrificação.
Aférese - supressão de sílabas ou fonema inicial ("/inda").
Apócope - supressão de sílaba ou fonema final ("mui"//").
Crase - fusão de duas vogais numa só ("a alma"; "e este" etc.).
Dierese - transformação de um ditongo num hiato ("sa/u-da-de").
Ditongo - fusão de uma vogal + semivogal, ou vice-versa; na mesma sílaba. ("sai", " falei", "Niterói", etc.).
Ditongo crescente - semivogal + vogal (pátria, gênio, diabo, etc.).
Ditongo decrescente - vogal + semivogal (pão,meu, dourado, etc.).
Ectlipse - supressão de um fonema nasal final para possibilitar a crase ou ditongação (sinérese) com a vogal inicial da palavra seguinte. ("com o", "com amor", etc.).
Elisão - supressão da vogal átona no final de uma palavra. ("Ela estava" = "Elistava").
Encontros consonantais - duas consoantes unidas:
a. inseparáveis - ("bl" - bloco; "fl" - "flor", etc) ou "grupos consonantais",
b. separáveis - ("gn" - ignóbil; "bs" -Observar) ou "encontros consonantais disjuntos".
Hiato - uma sílaba terminada, por vogal-base seguida de outra iniciada também por vogal-base. ("re/eleger", ca/olho, a/éreo, etc.) (Rocha Lima); é o encontro de duas vogais pronunciadas em dois impulsos distintos, formando sílabas diferentes. (sa/ara, podi/a, sa/úde, etc.) (Cegalla).
Encontros vocálicos ascendentes - designação de Luiz Otávio - é o encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente, sendo a primeira fraca e a segunda forte. (ci/ú-me, vi/o-la, po/e-ta, cru- el-da-de, etc.).
Encontros vocálicos descendentes - designação de Luiz Otávio - é o encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente.
Junção - a primeira forte e segunda fraca. ("di/a", "tu/a", "ri/o" , etc.).
Junção - designação de Luiz Otávio - no sentido generalizado para traduzir a união de sílabas métricas, Abrange pois, os diferentes processos de diminuição de sílabas poéticas. (comumente e erradamente empregada pela maioria dos poetas como elisão). Ver no Glossário, os vários processos ou métodos para diminuir as sílabas métricas ou processos de fazer a junção de sílabas: crase, elisão, sinalefa, sinérese, alferese, síncope, apócope e ectlipse.
Postjunção - designação de Luiz Otávio - junção posterior a uma sílaba ou palavra.
Prejunção - designação de Luiz Otávio - junção anterior a uma sílaba ou palavra.
Semivogais - são os fonemas "i" e "u", quando ao lado de uma vogal formam uma sílaba com elo. (Assim em: "pai", "mau", o "i" e o 'u" funcionam com valor de consoante, em "lu-ta", vi-da", funcionam com função de vogal).
Sílaba ou métrica ou poética - são sílabas nos versos, (contagem diferente das sílabas gramaticais).
Sinalefa - fusão ou junção de vogais ou semivogais, entre duas palavras, formando ditongo (Este amor" = "Estiamor").
Síncope - supressão de fonema ou sílaba no meio da palavra ("p/ra").
Sinérese - transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra. ("ci-úme" em ciú-me".
Suarabacti - "aumento de uma sílaba métrica, pela pronúncia das vogais de apoio, nos encontros consonantais disjuntos". (Luiz Otávio) "i-gui-no-rar".
Tônica - sílaba forte, acentuada. Vogais - "Fonemas sonoros, que se produzem pelo livre escapamento do ar pela boca e se distinguem entre si por seu timbre característico", (Rocha Lima).
Vogal forte ou fraca - a vogal átona ou acentuada (tônica) da palavra ou verso.
TROVAS DEMONSTRATIVAS DA APLICAÇÃO
DAS DEZ REGRAS DA METRIFICAÇÃO
Estas trovas foram feitas para demonstrar os diferentes casos de aplicações das dez regras da metrificação. Têm, pois, finalidade didática. Devemos observar em cada uma, pela numeração, aplicação correspondente. O conteúdo não tem relação com as regras, mas tão somente com as formas das trovas. O fundo está relacionado com as mensagens generalizadas sobre os estudos de Metrificação. Portanto, julguem-nas como utilidade didática e como curiosidade, e não corno valor artístico.
(Luiz Otávio - Santos, 26/03/1974).
1ª regra - (última tônica)
Poderá a força elétrica
de um sábio computador
ensinar contagem métrica
mas não faz um trovador...
2ª regra - (pontuação)
Pensa em calma! Evita errar,
Injusto é se nos reprovas,
pois não queremos mudar
o modo de fazer trovas.
3ª regra - (encontros consonantais)
Você pode acreditar,
ter a pura convicção
que a ninguém vou obrigar
a ter a minha opinião...
4ª regra - (vogal fraca + fraca)
Podes crer és muito injusto
e estás longe da verdade,
pois na trova a todo custo
defendo a espontaneidade...
5ª regra - (vogal forte+ fraca)
É uma história bem correta
em tudo o ensino é preciso,
no entanto, só o poeta
quer ser gênio de improviso...
6ª regra - (junção de três vogais)
Esta é uma regra indiscreta,
convenções, mal amparadas,
induzem muito poeta
a convicções enraizadas.
7ª regra - (ditongos)
Para medir nossos versos,
se o ouvido fosse o juiz,
em nossos metros diversos
ninguém poria o nariz...
8ª regra - (encontros vocálicos ascendentes)
Na trova, soneto ou poema,
em toda parte do mundo
se a forma é o seu diadema,
a sua alma é sempre o fundo!
9ª regra - (encontros vocálicos descendentes)
As dúvidas são pequenas
não sejas tão pessimista,
dá-me a tua ajuda, apenas,
e será bela a conquista.
10ª regra - (licenças: aféreses, síncopes, apócopes, ectlipses).
É mui// feio criticar(apócope)
/inda que seja um direito (aférese)
pra ser justo, aulas vem dar (síncope)
com o teu plano sem defeito... (ectlípse)
Frase mnemônica para decorar as dez regras de metrificação:
"Tendo paciência e Estudo você versejará tecnicamente direito encontrando estética e lirismo." (T = tônica; p = pontuação; e = encontros consonantais; v = vogal fraca; v = vogal forte; t = três vogais; d = ditongos; e = encontros vocálicos ascendentes; e = encontros vocálicos descendentes; l = licenças poéticas).
Luiz Otávio
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