A. A. de Assis
Luiz Otávio, fundador da UBT - União Brasileira de Trovadores
Oh linda trova perfeita,
que nos dá tanto prazer...
Tão fácil, depois de feita,
tão difícil de fazer!
Adelmar Tavares
Afinal que tribo é essa, da qual tanto se fala aqui, ali, acolá?... Sabe-se que são milhares, espalhados Brasil afora, sem contar os que habitam terras distantes, ou seja, os de Portugal, os de quase todos os países latino-americanos e outros mais que moram mais longe ainda. Sabe-se também que são, em maioria, profissionais liberais aposentados e que costumam chamar uns aos outros de irmãos.
São todos poetas. Mas com uma característica especial: dedicam-se prioritariamente à trova – um poema curtinho, composto de apenas quatro versos setissílabos, também conhecidos como redondilhas maiores.
A trova é um gênero literário antiquíssimo, que ganhou brilho maior a partir da Idade Média. É válido dizer que a língua portuguesa nasceu cantando trovas. Poetas portugueses e brasileiros de todas as gerações deixaram belíssimas composições desse gênero. Luís de Camões, Gil Vicente, Augusto Gil, Fernando Pessoa, Gregório de Matos, Tomás Antônio Gonzaga, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Machado de Assis, Olavo Bilac, Olegário Mariano, Humberto de Campos, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Olegário Mariano, Adelmar Tavares, Mário Quintana, Helena Kolody...
Nos anos 1950, um poeta iluminado, o carioca Luiz Otávio, começou a transformar o trovismo numa grande confraria, a primeira escola literária organizada como instituição nacional. Em 1960, Luiz Otávio e o então poeta mais popular do país, J. G. de Araújo Jorge, promoveram os primeiros Jogos Florais de Nova Friburgo, ponto de partida para a multiplicação de eventos dessa natureza em todas as regiões do Brasil.
Inicialmente, os poetas da trova se congregavam em torno do GBT – Grêmio Brasileiro de Trovadores. No dia 21 de agosto de 1966, fundou-se a UBT – União Brasileira de Trovadores.
Hoje o trovismo está presente na maioria dos estados, com ramificações no exterior. Fazem parte oficialmente da UBT cerca de mil trovadores, dentre os quais cerca de 300 são participantes frequentes e ativos da intensa programação desenvolvida o ano inteiro pela entidade.
O atual presidente nacional da UBT é o poeta Arlindo Tadeu Hagen, residente em Juiz de Fora (substituindo interinamente no cargo a poeta Domitilla Borges Beltrame, residente em São Paulo). A presidente estadual para o Paraná é a poeta Andréa Motta, residente em Curitiba, e a presidente da seção municipal de Maringá é a poeta Eliana Palma.
Raramente a grande mídia abre espaço para a divulgação da arte literária, menos ainda para a poesia especificamente. A trova, porém, tem a vantagem de contar com mídia própria: os boletins das diversas seções da UBT, colunas em alguns jornais, programas em algumas emissoras de rádio, mas principalmente numerosos sites e blogues na internet. Isso garante aos trovadores fácil e rápida comunicação entre todos eles, de ponta a ponta do país. Mesmo durante a pandemia os trovadores continuam se reunindo, mediante numerosos eventos on-line.
Entre os meios mais utilizados para o incentivo à produção de trovas estáo os concursos, abertos à partição livre de quantos se interessem. Ao final de cada concurso, costuma haver uma festa de premiação na cidade-sede. Não há prêmios em dinheiro; apenas troféus, medalhas e diplomas, e a festa vale sobretudo como encontro de confraternização.
O Dia Nacional do Trovador é comemorado em 18 de julho, data de nascimento de Luiz Otávio, fundador da UBT.
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